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Foto de Lidi Faria (www.flickr.com/lidifaria/) sob licença Creative Commons.

E não me olha torto porque ainda não é carnaval ou porque é São Paulo ou porque o bloco surgiu de uma casa noturna da Rua Augusta. Nem é isso o que você ta pensando.

O bloco surgiu de uma vontade dos donos do Studio SP e do bar Sonique de resgatar o carnaval de rua na região. E por achar a ideia muito válida e estar longe fisicamente dos meus carnavais de origem, (e porque tava um domingo lindo de sol!), resolvi dar uma conferida.

Surpresa minha ver que tinha mais do que meia dúzia de pessoas na concentração. Mais surpresa ainda ver que tinha muita gente dentro do galpão que abriga o Sonique na Rua Bela Cintra.

O sambão toma conta do lugar e apesar de samba no pé que é bom, nada, impressionou ver samba na ponta da língua de muita gente ali.

Com quase uma hora de atraso o bloco sai. Com um pequeno carro de som levando sua madrinha, Marisa Orth, que faz caras e bocas, senta, cruza suas enormes pernas, mesmo com um curtíssimo vestido verde limão, e desce pra galera. Centenas de pessoas.

Na sequência, bandinha com percussão e metais.

“A la la ôôôôôôô. Mas que calor ôôôôôô…”

O suor escorria naquele monte de rostinhos felizes e derretidos de satisfação.

À direita, descendo a mini-ladeira da Rua Costa, tive uma pequena sensação olindense percorrendo minha memória. No lugar do frevo, a cabeleira do Zezé.

“Será que ele é?”

No carnaval do Baixo Augusta ele é. Assumido e orgulhoso, assim como a Maria Sapatão, cantada a plenos pulmões, com muitas Marias rindo de si mesmas e celebrando, longe do politicamente correto, o que o hino do bloco diz:

“…o Baixo é a terra da mistura!”

Bonito de ver a vizinhança fazendo parte. Muitas crianças. Muitos camarotes nos edifícios da região.

Carnaval de rua de paulista: Vire à esquerda na Rua Augusta e se junte aos ônibus, carros e motos.

O calor vinha do sol de 35 graus, do bafo quente dos automóveis, do balancê de corpos, esse sim, típico dos blocos de carnaval de rua.

O carro pipa só serviu de palco. A mangueira, de adereço (!). Não veio água do céu e o estoque de latinhas teve fim nos botecos de domingo.

Cores suntuosas de fantasias caprichadas ou improvisadas refletiam à luz do sol forte.

O estandarte à frente, levado orgulhosamente por Marcelo Rubens Paiva, chega rapidamente ao ponto final do bloco e alguém fala ao microfone que é hora de ir embora.

Mas a sensação geral era a de que aquilo era só a entrada para um prato principal. Todos queriam mais.

E então chega a polícia. Com toda a sua simpatia de quem está trabalhando quando todo mundo em volta está se divertindo. Uns dez carros para colocar “ordem” em algo que estava dentro do acordo feito com a prefeitura: carro de som desligado e dispersão dos foliões da rua. E olha que tudo tava indo tão bem. Para que dez viaturas, sirenes ligadas e carros direcionados para cima das pessoas forçando-as a saírem do caminho?

Enfim, a PM sim, “apavora, mas não assusta”.

Pelo visto o ano que vem tem mais. E olha que ainda nem é oficialmente carnaval!